Módulo 8: Estereótipos e preconceitos inconscientes

1. Definições
2. Origem dos preconceitos
3. Manifestação dos preconceitos
4. Preconceitos no contexto da violência doméstica e as suas consequências
5. Estratégias contra os viés e preconceitos
6. Cinco passos para combater os preconceitos pessoais

Fontes

Introdução
Bem-vindo ao Módulo 8 sobre “Estereótipos e preconceitos inconscientes”. Neste módulo, irá explorar o impacto dos estereótipos e dos preconceitos inconscientes nas nossas percepções e comportamentos. Compreenderá melhor por que razão os estereótipos e os preconceitos inconscientes desempenham um papel significativo no contexto da violência doméstica. Avaliar e abordar estes preconceitos é crucial, uma vez que os preconceitos podem influenciar a forma como percepcionamos e interpretamos as situações e, assim, levar a julgamentos injustos e concepções erradas sobre as vítimas e os perpetradores de violência doméstica, perpetuando inadvertidamente a culpabilização da vítima ou minimizando a gravidade do abuso. O Módulo 8 tem como objetivo fornecer-lhe os conhecimentos e as ferramentas necessárias para desafiar estereótipos e confrontar preconceitos inconscientes.

Objectivos da aprendizagem
+ Compreender a origem e os factores que contribuem para o desenvolvimento de preconceitos e estereótipos inconscientes
+ Definir termos-chave relacionados com preconceitos inconscientes, estereótipos e preconceitos
+ Explorar os factores que contribuem para o desenvolvimento de preconceitos inconscientes
+ Identificar e classificar diferentes tipos de preconceitos e o seu impacto na tomada de decisões e no comportamento
+ Reconhecer e analisar casos de preconceitos inconscientes em situações quotidianas e, particularmente no contexto da violência doméstica, a influência de padrões de comportamento não verbais inconscientes na comunicação
+ Fazer uma autorreflexão para identificar comportamentos inconscientes pessoais e desenvolver estratégias para lidar com situações delicadas no contexto da violência doméstica
+ Aplicar os conhecimentos a cenários da vida real através de estudos de casos para desenvolver alternativas concretas de acção
+ Capacidade de estabelecer a ligação entre padrões de pensamento inconscientes e os conceitos de diversidade e inclusão


https://end-gender-stereotypes.campaign.europa.eu/index_pt

Reflexão sobre a imagem.

  1. Qual é a sua reacção inicial a esta imagem?
  2. Há alguns papéis tradicionais de género que lhe vêm à cabeça quando vê esta imagem? Se sim, quais?
  3. De que forma é que esta imagem desafia ou reforça os papéis tradicionais de género?
  4. Que suposições podem surgir ao ver um homem a participar numa atividade tradicionalmente associada às mulheres?

1. Definições

Como é importante promover a auto-consciência, reconhecer atitudes e comportamentos prejudiciais e realçar as implicações sociais mais amplas destes fenómenos, as definições de preconceito, estereótipos, preconceitos e discriminação são apresentadas nesta secção.1

Vieses

Distorção das percepções cognitivas o que conduz, por vezes de forma inconsciente, a juízos e tomadas de decisão incorrectos.

Explicação: Em algumas ociasiões, o nosso cérebro faz falsas avaliações quando julga as coisas ou toma decisões sem que nos apercebamos disso.

Estereótipos

Julgamentos generalizados que categorizam os indivíduos com base em conhecimentos incompletos sobre os grupos sociais a se acredita pertencer, conduzindo a expectativas sobre o seu comportamento e capacidades.

Explicação: Por vezes, as pessoas pensam que todos os elementos de um determinado grupo agem ou parecem iguais, mesmo sem conhecerem todos os elementos desse grupo.

Preconceito

Juízo emocional pré-concebido, que se manifesta numa atitude discriminatória perante grupos sociais específicos.

Explicação: Por vezes, as pessoas têm sentimentos fortes em relação a determinados grupos de pessoas, pensando que são melhores ou piores com base naquilo que ouviram ou em que acreditam.

Discriminação

Resposta comportamental a avaliações estereotipadas, que podem ter efeitos negativos ou positivos e ser designadas por privilégios no contexto da igualdade de oportunidades.

Explicação: Quando as pessoas tratam os outros de forma diferente porque pensam que sabem algo sobre eles só de olhar para eles, isso pode fazê-los sentir-se bem ou mal. Num mundo justo, todos devem ter as mesmas oportunidades.

Na secção “Preconceitos no contexto da violência doméstica e suas consequências”, são apresentados exemplos dos conceitos definidos no contexto da violência doméstica.


2. Origem dos preconceitos

A compreensão da origem dos preconceitos permite-nos explorar as causas e os mecanismos subjacentes que contribuem para a formação e a perpetuação dos preconceitos. Todas as pessoas têm preconceitos, independentemente do género, educação ou estatuto social. Apesar dos preconceitos ajudarem o nosso cérebro a tomar decisões rápidas, também podem levar à discriminação e á má tomada de decisões.2

O vídeo que se segue explica este facto e o papel que o nosso cérebro desempenha nesse processo.

Os preconceitos individuais são influenciados pelos nossos sistemas de pensamento e pelas nossas experiências e vivências.

1. Sistemas de pensamento

  • Dois sistemas de pensamentos: Sistema 1 (inconsciente) e Sistema 2 (consciente)
  • Sistema 1: possibilita a actuação rápida baseada em experiências adquiridas.

Exemplo: Quando conduzimos, reagimos imediatamente a uma criança que corre para a estrada.

  • Sistema 2: processo mais lento que requer um esforço consciente.

Exemplos: Quando prestamos atenção a uma conversa ou procuramos alguém numa multidão.

2. Experiências

  • As experiências moldam os nossos processos de pensamento inconscientes.
  • Por vezes, estes processos podem ser incorrectos ou apresentar-se contra as nossas crenças conscientes (= preconceitos inconscientes).

Exemplo: Temos tendência a preferir pessoas da nossa própria cultura devido às nossas experiências passadas.

Pontos a reter

  • Os preconceitos inconscientes podem ocorrer devido à sobrecarga de informação, ao baixo valor informativo, à necessidade de decisões rápidas e, à diversidade de informação.
  • São como atalhos que o nosso cérebro utiliza, especialmente quando nos sentimos nervosos ou assustados.
  • Por vezes, estes atalhos podem causar tratamento injusto ou discriminação, pelo que é importante compreender os nossos preconceitos inconscientes.
  • Para lidar com os preconceitos inconscientes, devemos questionar as nossas percepções e, ainda, reavaliar as nossas experiências.
“As nossas vidas, as nossas culturas, são compostas por muitas histórias que se sobrepõem. A romancista Chimamanda Adichie conta a história de como encontrou a sua autêntica voz cultural e avisa que, se ouvirmos apenas uma única história sobre outra pessoa ou país, corremos o risco de um mal-entendido crítico.”

3. Manifestação de preconceitos

A exemplificação de preconceitos podem ajudá-lo a reconhecer as diversas formas estes se manifestam em situações do mundo real para compreender melhor o seu impacto.3

Abra esta caixa de texto para encontrar exemplos de preconceitos.
  • Ableism, Disableism: Ableismo refere-se a julgar as pessoas com base nas suas competências e habilidades. Disableismo é a discriminação contra as pessoas vistas como deficientes.
  • Mini-Me-Effect, Similaridade-Efeito Atracção: Atracção por pessoas que são semelhantes em aparência e traços de personalidade. Tendência para gostar de pessoas que são parecidas connosco em muitos aspectos.
  • (Fundamental) Erro de atribuição: Em determinadas ociasiões atribuimos o comportamento de uma pessoa à sua personalidade, mas pode derivar da situação em que se encontra.
  • Viés da autoridade: Tendência para acreditar e seguir opiniões de figuras de autoridade, mesmo que as suas opiniões possam não estar correctas.
  • Viés de confirmação: Tendencialmente procuramos informações que apoiem as nossas crenças e ignoramos informações que as contradizem.
  • Viés do ângulo morto: A nossa percepção é de que somos imparciais e que somos imunes ao preconceito, embora sejamos influenciados por eles, tal como qualquer outra pessoa.
  • Alteração de código: Mudança comportamental dependendo da situação ou com que se interage.
  • Efeito Cross-race: As pessoas podem ter dificuldade em reconhecer e distinguir rostos dum grupo étnico distinto do seu. Este facto relaciona-se com a tendência para identificar/reconhecer mais facilmente os rostos das pessoas que pertencem ao seu grupo racial.
  • Preconceito da distância: Atribuimos maior importância às coisas que estão mais próximas de nós no espaço e, no tempo.
  • Viés Efeito do desvanecimento: As memórias negativas tendem a desaparecer de forma mais rápida do que as positivas, o que pode conduzir a um comportamento tendencioso.
  • Efeito do enquadramento: As diferentes formas de apresentar informações podem influenciar a forma como as pessoas respondem a um mesmo conteúdo.
  • Preconceito do género: As percepções tendenciosas e os estereótipos baseados no género levam a um tramento desigual e injusto ou a uma interpretação errónea das situações.
  • Correlação ilusória: Os estereótipos conduzem à atribuição de características a determinados grupos, mesmo sem evidências que suportem essas características.
  • Viés judicial: Vieses que podem afectar a tomada de decisão dos juízos, incluindo preconceitos cognitivos e influências externas.
  • Viés da IA: Vieses em sistema de inteligência artificial, devido à introdução de algoritmos ou dados distorcidos e/ou incorrectos, o que induz a tratamentos desiguais ou a discriminação.
  • Efeito de Contacto: Maior númnero de contacto com pessoas distintas pode atenuar o preconceito e a hostilidade entre grupos.
  • Realismo ingénuo (Realismo directo): Acreditar que a nossa perpeção da realidade é objectiva e imparcial e presumir que os outros deveriam concluir o mesmo, se tivessem as mesmas informações.
  • Viés da negatividade: Experiências ou pensamentos negativos têm um impacto mais forte sobre nós do que os neutros ou positivos.
  • Efeito da primazia: A primeira informação que recebmos tem uma forte influência nos nossos julgamentos e memórias.
  • Viés racial: Estereótipos e preconceitos baseados na raça podem influenciar o julgamento e o comportamento, mesmo que sejam inconscientes.
  • Desajibilidade social: People may give answers they think others want to hear, instead of expressing their true beliefs, to avoid social disapproval.
  • Viés do status quo: Tendência para preferir a situação actual a fazer mudanças. Especialmente quando existem alternativos e conhecimentos limitados sobre elas.
  • Estereótipos: Crenças generalizadas sobre certos grupos de pessoas com base no género, raça, etnia, religião, orientação sexual, origem socio-económica ou educação.

4. Preconceitos no contexto da violência doméstica e as suas consequências

Esta secção ajuda-o a compreender melhor o papel dos preconceitos no contexto da violência doméstica e a obter um visão sobre a sua influência nas percepções, atitudes e respostas. É importante reconhecer o seu impacto na culpabilziação das ítimas e também na abordagem de sistemas de apoio inadequados e, no desmantelamento de barreiras sistémicas para facilitar mediads eficazes de intervenção e prevenção.


Normas de género e expectativas de papéis de género

Normas de género referem-se aos padrões que são impostos aos indivíduos numa sociedade para se apresentarem, agirem e se expressarem com base no sexo que lhes foi atribuído à nascença.

Expectativas de papéis de género, referem-se a normas sociais que ditam aos indivíduos o que constitui “masculinidade” e “feminilidade”.4

Para mais informações sobre o género no Módulo 1.

Os papéis de género podem ter um impacto negativo no homem, o que pode ser constatado, por exemplo, no fenómeno da masculinidade tóxica. A Masculinidade tóxica refere-se a normas sociais nocivas dirigidas a homens e rapazes, que promovem a ideia de que a masculinidade ou a expressão da masculinidade é a parte mais importante de ser homem. Como exemplo de masculinidade tóxica é o uso recorrente de “os homens não choram”, que ensina os rapazes que não devem expressar as suas emoções, sob pena de perderem a sua masculinidade.5

Tarefa para reflexão
Como são retratados os homens do vídeo sobre a masculinidade dos filmes da Disney? Que consequêbcuas negativas esta representação da masculinidade tem nos rapazes?

Numa palestra do TED Tony Porter apresenta um exemplo de como as ideias sociais sobre a masculindade contribuem para a aceitaçãp da violência contra as mulheres.

Tarefa para reflexão
Como podem as ideias da sociedade sobre a masculinidade contribuir para a aceitação da violência contra as mulheres?

O homem como vítima de violência doméstica

As expectativas do papel de género levaram a uma “feminização da vitimização”, sendo apenas as mulheres vistas como vítimas de violência doméstica. As mulheres são vistas como “fracas e confiáveis”, enquanto os homens são sempre vistos como os perpetradores. Este facto leva a ignorar e a negar que os homens também podem ser vítimas de violência doméstica. Devido às visões sociais culturais sobre a masculinidade, as vítimas masculinas de violência doméstica denunciam a violência com ainda menos frequência do que as mulheres. Consequentemente, o seu abuso pode aumentar e levar a incidentes com risco de vida. O podcast a seguir sobre a “história de Paul” dá voz à vítima masculina Paul.

Tarefas para reflexão
1. Quais são as barreiras que os homens enfrentam ao denunciar a violência que são vítimas de violência num relacionamento?
2. Quais são as barreiras que as concepções culturais de masculinidades podem criar para as vítimas masculinas de violência doméstica que procuram ajuda de agências, do sector jurídico e do sector da saúde?
3. Como podem as concepções culturais de masculinidades afectar o comportamento de procura de ajuda em homens vítimas de violência doméstica?
4. Como podem os preconceitos de género dos próprios homens contribuir para a sua visão/reflexão sobre a sua própria experiência com a violência doméstica?


Objectificação da mulher nos media

Objectificação da mulher e sexualização da violência o corre em anúncios publicitários, videoclips, jogos de vídeo, filmes, pornografia e noutros contextos (por exemplo, linguagem sexista, catcalling). A objectificação torna mais difícil sentir empatia por mulheres que sofreram abuso ou violência sexual.6

Exercício
Tem conhecimento de exemplos recentes deste fenómeno nos media? Se a resposta for negativa, faça uma pesquisa de 10 minutos sobre o assunto.

Exemplo: Robin Thicke – Blurred Lines
Se não conseguir ver o vídeo aqui, utilize outro browser ou clique aqui: https://www.youtube.com/watch?v=LmU4O-NLd3E.
Letra

Todo o mundo levante-se
Ei, ei, ei
Ei, ei, ei (Uh)
Ei, ei, ei (Ha-ha!) (Woo!)
Afina-me

Se não conseguem ouvir o que estou a tentar dizer
Se não consegues ler da mesma página
Talvez eu esteja a ficar surdo
Talvez eu esteja a ficar cego
Talvez eu esteja fora de mim, mente
Ok, agora ele estava perto
Tentou domesticar-te
Mas tu és um animal
Querida, está na tua natureza
Deixa-me libertar-te
Não precisas de quem te leve
Esse homem não é o teu criador
E é por isso que eu vou levar uma boa rapariga

Eu sei que o querem
Eu sei que o queres
Eu sei que o queres
És uma boa rapariga
Não posso deixar isso passar por mim
Não és nada de plástico
Falando sobre ser estourada
Eu odeio essas linhas turvas
Eu sei que tu queres
Eu sei que o queres
Eu sei que o queres
Mas tu és uma boa rapariga
A forma como me agarras
Deve querer ser marota
Vá lá, agarra-me (Todo o mundo levante-se)

Para que é que eles fazem sonhos
Quando tens as calças de ganga vestidas? (Porquê?)
Para que é que precisamos de vapor?
És a cabra mais quente deste sítio
Sinto-me tão sortudo
Queres abraçar-me (hug me)?
O que é que rima com “abraça-me” (“hug me”)?
Ei! (Todo o mundo levante-se)

Ok, ele estava perto
Tentou domesticar-te
Mas tu és um animal
Querida, está na tua natureza
Deixa-me libertar-te
Não precisas de quem te leve
Esse homem não é o teu criador
E é por isso que eu vou levar uma boa rapariga (Todo o mundo levante-se)

Eu sei que o queres
Eu sei que o queres
Eu sei que o queres
És uma boa rapariga
Não posso deixar isso passar por mim
Estás longe de ser de plástico
Falando sobre ser estourada (Todo o mundo levante-se)
Eu odeio essas linhas turvas (Odeio essas linhas)
Eu sei que tu queres (Eu odeio essas linhas)
Eu sei que o queres (Odeio essas linhas)
Eu sei que o queres
Mas tu és uma boa rapariga (Boa rapariga)
A maneira como me agarras (Hustle Gang, homie)
Eu sei que tu queres ser desagradável (Deixa ir) (Eu digo Rob)
Não é só isso que eu quero, é que eu quero ser o melhor de todos

Uma coisa vos peço
Deixa-me ser eu a apoiar esse rabo (Vá lá!)
Vou de Malibu a Paris, boo
Tive uma cabra, mas ela não é má como tu
Então, bate-me quando passares
Eu dou-te algo suficientemente grande para te partir o cu em dois
E não é só isso, é também um pouco de sorte
Quero dizer, é quase insuportável (Ei, ei, ei!) (Todo o mundo levanta-se)
Em cem anos não me atreveria
Puxar dos Pharcyde, deixar-te passar por mim
Nada como o teu último homem, ele é demasiado quadrado para ti
Ele não bate nesse rabo e não te puxa o cabelo assim (Tu gostas)
Por isso estou só a ver e a esperar
Para que saudes o verdadeiro grande chulo
Não há muitas mulheres que possam recusar este chulo
Sou um gajo porreiro, mas não se confundam, sejam chulos (Todos de pé)

Abanem o rabo
Abaixa-te, levanta-te
Faz como se doesse, como se doesse
O quê, não gostas de trabalhar?
Ei! (Todo o mundo levante-se)

Querida, consegues respirar?
Trouxe isto da Jamaica
Funciona sempre para mim
Dakota para Decatur
Não há mais fingimento
Porque agora estás a ganhar
Aqui está o nosso começo
Eu sempre quis

Tu és uma boa rapariga (Todo o mundo levante-se)
Eu sei que o queres
Eu sei que queres
Eu sei que o queres
Tu és uma boa rapariga
Não posso deixar isso passar por mim
Não és nada de plástico
Estou a falar de ser rebentado
Eu odeio estas linhas turvas (Todo o mundo levante-se)
Eu sei que tu queres
Eu sei que o queres
Eu sei que o queres
Mas tu és uma boa rapariga
A maneira como me agarras
Deve querer ser desagradável
Vá lá, agarra-me

Todo o mundo levante-se
Todo o mundo levante-se

Tarefa para reflexão
Robin Thicke’s Blurred Lines foi considerado como um “hino à violaçõ”. Qual o motivo pelo qual considera que esta música foi apelidada deste modo? Qual a mensagem que esta música envia?


Imagem por pch.vector on Freepik

Casos de celebridades

Chris Brown

Em 2009, Chris Brown bateu Rihanna e fotografias onde surgia com o rosto ensaguentado circularam pelos medias. Após a informação se ter tornado pública, a sociedade não se focou nas acções de Chris Brown, mas sim de Rihanna, tendo sido culpabilizado pelo episódio.

Encontra-se aqui o relato do que realmente ocorreu. Este relato foi retirado do depoimento de Chris Brown.

Mesmo após o conhecimento dos factos ter-se tornado público, a culpabilização da vítima manteve-se. Esta culpabilização, foi focada na questão “porque é que ela voltou”, em vez de se centrarem na questão “porque ºe que o Chris Brwown fez isto?”, ou “porque é que a sociedade continua a aceitar a violência doméstica?”

Tarefa para reflexão
Qual a razção que levou Rihanna a permanecer no relacionamento?

Na leitura do relatório identificou alguns factos que sugiram que Rihanna estava numa situação de risco elevado?

Consultar o Módulo 5 para mais informações sobre avaliação de risco.

Harvey Weinstein

O abuso e a agressão às mulheres por parte de Harvey Weinstein levou a um incremento na atenção dada à questão da violência sexual. Esta atenção resultou do facto dele ser um reconhecido produtor cinematográfico em Hollywood, bem como pelo número de vítimas que se manisfestaram contra ele.

No final do ano 2017, mais de 100 mulheres relataram as agressões sofridas cometidas por Weinstein contra elas. De acordo com os relatos Weinstein violou-as, forçou-as a massajá-los, aparecia nu à frente delas e, em troca de favores sexuais, oferecia-lhes avanços na sua carreira. Com esta acção, o produtor foi afastado das companhias e de múltiplas organizações filmatográficas internacionais, tendo sido, posteriormente sido acusado de violação, actos sexuais criminos, abuso sexual e má conduta sexual. Esta acusação resultou numa pena de cadeia. Para a defesa inicial pelas suas acções Weinstein recorreu ao argumento de que as mesmas se justificavam por ter nascido nos anos 60.

As acções de Harvey Weinstein, e a catadupla de reportagens sobre o assunto, reacenderam a campanha internacional nas redes sociais, #MeToo, começada por Tarana Burke. Este movimento foi um apelo à sensibilização contra os crimes em que as pessoas partukhavam as suas histórias de homens que as agrediram ou assediaram sexualmente.

Até ao momento, o movimento #MeToo resultou num mediatismo e num discurso político sem precendentes, mas como efeito negativo, foi a pressão perante as vítimas e foi alvo de reacções adversas.

Tarefa para reflexão
Está familiarizado com o movimento #MeToo? Consegue dar exemplos de movimentos similares? Que consequências, positivas e negativas, considera que o movimento #MeToo teve nas vítimas?

Donald Trump

Donald Trump foi gravado objectificando de forma rude as mulheres e a gabar-se de ter escapado impune de assédio e agressão sexual devido ao seu estatuto de celebridade.

Aviso: Esta caixa de texto contém linguagem ofensiva

Na gravação ele diz. “Eu tentei e f***-a. Ela era casasa…. Eu atirei-me a ela como se fosse uma p***. Mas não consegui chegar lá. E, ela era casada. E, de repente, vi-a, e agora ela tinhas as grandes mamas falsas e tudo. Ela mudou completamente a sua aparência… Yeah, era ela. Com o ouro. É melhor usar alguns Tic Tacs, para o caso de começar a beijá-la. Sabes, eu sou automaticamente atraído para a beleza – Comecei a beijar. É como um íman. Só beijo. Nem sequer espero. E quando és uma estrela, elas deixam. Podes fazer o que quiseres. Agarra-a pela c***. Podes fazer o que quiseres”.

Tarefa para reflexão
Trump rotulou a conversa como gravada, como “conversa de vestiário”. Quais são os perigos desta justificação?


Representação da LGBTIQ+ nos media

Historicamente, os media têm ignorado a comunidade LGBTIQ+, sendo a sua representação baseada em estereótipos desactualizados, que os identificam como vítimas ou como doentes mentais, contribuindo para a sua discriminação.7

O filme “Disclosure: Trans Lives On Screen” mostra as contribuições da comunidade trans para os medias e a história do transgénero no cinema e na televisão, ao mesmo tempo que analisa o impacto dessas representações no bem-estar das pessoas trans na sociedade.

Tarefa para reflexão
Quais as consequências a falta ou a incorrecta representatividade na percepção dos casos de violência doméstica nas relações LGBTIQ+ relationships? Como é que pode a representatividade diversificada dos meios de comunicação pode ajudar a quebrar esteótipos?


Culpabilização da vítima

A culpabilização das vítimas refere-se à tendência de responsabilizar parcial ou totalmente as vítimas de violência doméstica pelo abuso que sofrem, em vez de responsabilizar o perpetrador. Este comportamento prejudicial decorre de atitudes sociais e de conceitos errados que colocam injustamente o peso da responsabilidade sobre a vítima, muitas vezes implicando que esta de alguma forma provocou ou mereceu a violência que lhe foi infligida. Culpar as vítimas perpetua uma cultura de silêncio, banaliza as experiências das vítimas e pode desencorajá-las no processo de procurar ajuda.8

Exemplos:

  • “A vítima provocou-o.”
  • “Ambos tinham problemas.”
  • “A vítima não devia ter casado com ele.”
  • “A vítima estava bêbada.”

A linguista e autora feminista Júlia Penelópe apresenta alguns exemplos para ilustrar como, dependendo da linguagem usada se pode culpabilizar ou não culpabilizar a vítima.

O João bateu na Maria.

A frase está escrita em voz activa. É claro quem está a cometer a violência.

A Maria foi agredida pelo João.

A frase foi alterada para a voz passiva, pelo que a Maria vem em primeiro lugar.

A Maria foi agredida.

O João foi retirado da frase. O foco da atenção concentra-se na Maria.

A Maria é uma mulher mal tratada.

Ser uma mulher maltratada passou a ser a identidade da Maria. O João é omisso da declaração e, não será responsabilizado pela opção de abuso ou perpetrador.

O foco é transferido para a Maria e deixando de estar no João, o que encoraja o público a concentrar-se na vítima em vez de ser nas acções do agressor.

Para mais informações sobre como evitar a culpabilização da vítima nos media consultar o Módulo 3.

Exercício: Culpabilização da vítima em casos de violação

O exercício pretende realçar a frequente culpabilização da vítima que ocorre em casos de violação. Ver também a definição “Preconceito Judicial” em Manifestação de preconceitos. Imagine se os tipos de perguntas normalmente feitas às vítimas de violação fossem feitas a uma vítima de roubo. O texto a seguir pretende ilustrar como tal entrevista ocorreria.

“Mr. Smith, foi assaltado À mão armada na esquina da First com a Main?”
“Sim.”

“Lutou com o assaltante?”
“Não.”

“Porque não?”
“Ele estava armado.”

“Então, tomou a decisão consciente de satisfazer as exigências dele em vez de resistir?”
“Sim.”

“Gritou? Pediu ajuda?”
“Não, eu estava com medo.”

“Percebo. Já tinha sido assaltado?”
“Não.”

“Já alguma vez deu dinheiro?”
“Sim, claro.”

“Fê-lo de livre vontade?”
“Onde é que quer chegar?”

“Bem, coloquemos as coisas desta forma, Sr. Smith. Já deu dinheiro no passado. De facto, tem uma grande reputação de filantropia. Como podemos ter a certeza de que não estava a CONTRIBUIR para que o seu dinheiro lhe fosse retirado à força?”
“Oiça, se eu quisesse –”

“Não interessa. A que horas ocorreu este assalto, Mr. Smith?” 
“Por volta das 23.00.”

“Estava na rua às 23h? A fazer o quê?”
“Apenas a passear.”

“Só a passear? Sabe que é perigoso andar na rua a essa hora da noite. Não sabia que podia ter sido assaltado?”
“Não tinha pensado nisso.”

“O que é que estava a usar na altura, Mr. Smith?”
“Vejamos…um fato. Sim, um fato.”

“Um fato CARO?”
“Bem sim. Sabe, sou um advogado de suceso.”

“Por outras palavras, Sr. Smith, andava pelas ruas a altas horas da noite com um fato que praticamente publicitava o facto de poder ser um bom alvo para algum dinheiro fácil, não é verdade? Quer dizer, se não soubéssemos, Sr. Smith, poderíamos até pensar que o senhor estava a pedir que isto acontecesse, não é verdade?”

De “The Legal Bias Against Rape Victims (The Rape of Mr. Smith).” Connie K. Borkenhagen, American Bar Association Journal. April, 1975



5. Estratégias contra os viés e preconceitos

As estratégias que se seguem visam desafiar e ultrapassar preconceitos, estereótipos e preconceitos que perpetuam dinâmicas prejudiciais e dificultam a abordagem da violência doméstica.

1. Imagem contra-esterioripada = reflectir nos estereótipos:

  • Por vezes, as pessoas têm ideias sobre como determinados grupos de pessoas devem ser.
  • Quando pensamos em pessoas que são diferentes desses estereótipos, isso pode tornar-nos menos tendenciosos.9

O vídeo seguinte mostra que “vivemos numa época em que rapidamente rotulamos as pessoas, mas talvez tenhamos mais em comum do que aquilo que pensamos”.

Tarefas para reflexão
1. Qual é a principal mensagem do vídeo?
2. Como e com base em que características divides as pessoas em grupos? Que características lhe atribuis? Que discursos determinam estas “classificações”, de onde vêm os teus preconceitos (círculo de amigos, meios de comunicação social, política)?
3. O que é que estas considerações significam para a diversidade e a inclusão na nossa sociedade?

Dá uma vista de olhos aos exemplos.

Exemplo I: O que é que pensa quando vê uma mulher bombeira ou uma mulher engenheira? É, para si, algo inesperado?

Reflita para além dos números e o que se esconde por detrás deles:

  • 35% dos europeus consideram que os homens são mais ambiciosos do que as mulheres.
  • 36% – é a percentagem de quanto as mulheres ganham, em média, em comparação com os homens.
  • 20% dos licenciados em tecnologias da informação e da comunicação (TIC) são mulheres.

Exemplo II: O que é que pensa quando vê um pai trabalhador a cuidar ou a supervisionar as tarefas de cuidado dos seus filhos? É algo invulgar, ou pouco habitual para si?

Reflita para além dos números e o que se esconde por detrás deles:

  • 44% dos europeus pensam que o papel mais importante de uma mulher é cuidar da casa e da família.
  • 82% das pessoas que trabalham a tempo parcial por razões de cuidados à família são mulheres.
  • 21% dos homens passam mais de 5 horas por dia a cuidar dos filhos, em comparação com 40% das mulheres.
https://end-gender-stereotypes.campaign.europa.eu/decision-making_pt
Fonte: Philippe BUISSIN | Copyright: © European Union 2021 – Source: EP

Exemplo III: O que pensa quando vê uma mulher presidente a condecorar uma mulher militar de alta patente? O que é que pensa quando vê uma mulher negra como deputada do Parlamento Europeu? É algo surpreendente para si?

Reflita para além dos números e o que se esconde por detrás deles:

  • 69% dos europeus consideram que as mulheres são mais susceptíveis do que os homens de tomar decisões com base nas suas emoções.
  • 32% dos deputados dos parlamentos nacionais da UE são mulheres.
  • 5% dos deputados eleitos para o Parlamento Europeu (2019-2025) pertencem a minorias raciais ou étnicas.
  • 8% dos directores executivos das grandes empresas cotadas na bolsa na UE são mulheres.

Tarefa para reflexão
Consegue pensar no seu próprio exemplo de imagem contra-estereotipada? O que é que pensa quando olham para trás das figuras que ilustram o vosso Exemplo?


2. Individuação = foco na singularidade de cada pessoa:

  • Não devemos julgar alguém com base nas nossas primeiras impressões ou no que pensamos sobre o grupo a que parece pertencer.
  • É importante dedicar algum tempo a conhecer a pessoa como um indivíduo.
  • Podemos desafiar os nossos estereótipos aprendendo mais sobre a pessoa e reconhecendo as suas qualidades únicas.10

Os três vídeos seguintes mostram como o tema da diversidade é abordado com sucesso em campanhas publicitárias.

Em 2019, a Starbucks ganhou um prémio pela inclusão da diversidade na publicidade. O vídeo mostra a vida de Jemma, que prefere ser chamada de James.
“Somos Superhomens” é uma parte da campanha dos Jogos Paralímpicos de 2016.
A Dove criou campanhas centradas em pessoas reais – pessoas de cor, a comunidade LGBTIQ+ e pessoas de todas as idades e tamanhos corporais. A sua campanha “Beleza Real” coloca a marca ao nível dos consumidores e não ao nível dos modelos ou das pessoas de um tamanho dito “perfeito”.

Tarefas para reflexão
1. Qual é a principal mensagem destes vídeos? O que é que têm em comum?
2. Como é que se relacionam com a estratégia de individuação/individualização?
3. O que é que estas considerações significam para a diversidade e a inclusão na nossa sociedade?

Estudo de caso: Vítimas de violência doméstica com comportamentos aditivos (Toxicodependência)

Anna é uma mulher de 28 anos que mantém, há vários anos, uma relação violenta com o seu companheiro, Mark. Para além dos maus-tratos físicos e emocionais, Anna debate-se também com a toxicodependência. É toxicodependente de cocaína e usa-a regularmente como mecanismo de defesa para lidar com as experiências traumáticas da sua relação. A Anna fez várias tentativas infrutíferas para se libertar do Mark e ultrapassar a sua dependência.

Tarefas para reflexão
1. Como é que os estereótipos e preconceitos podem influenciar a compreensão que a sociedade tem das vítimas de violência doméstica com toxicodependência?
2. Que desafios adicionais podem ser enfrentados por mulheres como a Anna devido à combinação de violência doméstica e toxicodependência?
3. Como é que o conceito de individuação/individualização pode ajudar a mudar a perceção e o apoio disponível para as vítimas de violência doméstica com toxicodependência?

Estudo de caso: Idoso vítima de violência doméstica

Robert é um homem de 80 anos que tem vivido com o seu filho adulto, Michael, nos últimos anos. Infelizmente, a situação em que vivem transformou-se numa situação de violência doméstica. O Michael maltrata verbal e fisicamente o Robert, frequentemente repreendendo-o e batendo-lhe. Devido à sua idade avançada e ao seu estado de saúde debilitado, Robert sente-se desamparado e encurralado nesta situação. Não sabe como encontrar ajuda ou escapar à violência devido às suas limitações físicas e à dependência do filho.

Tarefas para reflexão
1. Como é que os estereótipos e preconceitos podem influenciar a perceção que a sociedade tem dos idosos vítimas de violência doméstica?
2. Que desafios adicionais podem ser enfrentados por vítimas como Robert para procurar ajuda e escapar à violência doméstica devido à sua idade avançada?
3. Como é que o conceito de individuação pode ajudar a aumentar a consciencialização e a fornecer apoio personalizado às vítimas idosas de violência doméstica?


3. Teoria do contacto = contacto positiv reflecte-se na diminuição dos estereótipos:

  • Quando temos experiências positivas com pessoas de grupos diferentes, é menos provável que acreditemos em estereótipos.11

Some victim groups are more at risk at others to face stereotypes and unconscious biases, such as men as victims, disabled victims, victims in a LGBTIQ+ relationship, victims with a low or high socioeconomic background and immigrant victims. The following five case studies illustrate this. Alguns grupos de vítimas estão mais expostos a estereótipos e preconceitos inconscientes do que outros, tais como os homens como vítimas, as vítimas com incapacidades, as vítimas numa relação LGBTIQ+, as vítimas de meio socio-económico baixo ou alto e as vítimas imigrantes. Os cinco estudos de caso seguintes ilustram este facto.

Estudo de caso: Homem vítima de violência doméstica

John, homem de 35 anos, mantém uma relação duradoura com a sua companheira, Sarah. Nos últimos meses, a sua relação deteriorou-se significativamente. A Sara tem tido um comportamento cada vez mais agressivo e violento para com o João. Grita com ele, insulta-o verbalmente e agride-o fisicamente, batendo-lhe e dando-lhe pontapés. O João sente-se desamparado e tem demasiada vergonha de contar aos amigos ou à polícia, porque receia que ninguém acredite nele e que não seja levado a sério ou seja visto como fraco.

Tarefas para reflexão
1. Que estereótipos e preconceitos podem ser observados neste estudo de caso? Que preconceitos podem influenciar as percepções do João?
2. Que desafios podem enfrentar os homens vítimas de violência doméstica em termos de estigma e de perceção social?
3. Como é que a teoria do contacto pode ajudar a mudar a perceção dos homens vítimas de violência doméstica e a promover o apoio?

Estudo de caso: Vítima de violência doméstica com incapacidade

Emily é uma mulher de 40 anos, portadora de uma deficiência física, que mantém um casamento de longa duração com o marido, David. Nos últimos anos, a sua relação tornou-se cada vez mais violenta. David maltrata Emily tanto verbal como fisicamente. Insulta-a por causa da sua incapacidade e explora a sua dependência dele para exercer controlo e manipulação. A Emily sente-se presa no seu desamparo, uma vez que a sua incapacidade coloca barreiras adicionais à procura de ajuda e à fuga da relação abusiva.

Tarefas para reflexão
1. Como é que os estereótipos e preconceitos podem influenciar a percepção e o apoio disponível para as vítimas de violência doméstica com incapacidade?
2. Que desafios específicos podem ser enfrentados por mulheres como a Emily em termos de violência doméstica devido à sua incapacidade?
3. Como é que a teoria do contacto pode ajudar a sensibilizar para as necessidades e o apoio disponível para as vítimas de violência doméstica com incapacidade, reconhecendo ao mesmo tempo as suas experiências únicas?

Estudo de caso: Violência doméstica na relação LGBTIQ+

Lisa e Emma são um casal do mesmo sexo, na casa dos 30 anos, que namora há alguns meses. Recentemente, Lisa, que se identifica como lésbica, começou a ter um comportamento abusivo para com Emma, que se identifica como bissexual. Lisa insulta verbalmente e menospreza Emma, utilizando linguagem depreciativa relacionada com a sua bissexualidade. Emma sente-se encurralada e tem medo de falar com alguém sobre o assunto, pois preocupa-se com o potencial estigma e discriminação tanto da comunidade LGBTIQ+ como da sociedade. Ela não quer deixar a Lisa, porque a ama.

Tarefas para reflexão
1. Como é que os estereótipos e preconceitos podem afectar a compreensão e o apoio disponível para as vítimas de violência doméstica na comunidade LGBTIQ+?
2. Que desafios adicionais podem ser enfrentados por vítimas como a Emma em termos de procura de ajuda e de libertação da violência doméstica numa relação entre pessoas do mesmo sexo?
3. Como é que a teoria do contacto pode contribuir para aumentar a sensibilização, promover a inclusão e prestar apoio personalizado às vítimas da comunidade LGBTIQ+ que sofrem violência doméstica?

Estudo de caso: Vítima de violência doméstica na classe alta

Isabela é uma mulher de 35 anos que vive num bairro de luxo. Está casada com o seu marido, Charles, há 10 anos. Charles, um homem de negócios bem sucedido, bate-lhe regularmente e diz-lhe para cobrir as nódoas com a roupa. Isabela tem medo que procurar ajuda possa levar a um escrutínio público e prejudicar a sua reputação e posição social.

Tarefas para reflexão
1. De que forma os estereótipos e preconceitos sobre o contexto socio-económico podem ter impacto na perceção da violência doméstica?
2. Que desafios adicionais podem ser enfrentados por vítimas como a Isabela, em termos de procura de ajuda e de libertação da violência doméstica, devido ao seu estatuto socio-económico?
3. Como é que a compreensão das dinâmicas de poder, incluindo o controlo económico, pode contribuir para melhorar os sistemas de apoio a vítimas como a Isabela em ambientes de classe alta?

Estudo de caso: Imigrante vítima de violência doméstica

Amina é uma mulher de 30 anos que imigrou para um novo país, vinda de uma sociedade conservadora e patriarcal. Enfrenta inúmeros desafios para se adaptar à sua nova vida e cultura. O marido de Amina, Farid, utiliza o seu estatuto de imigrante e os seus limitados conhecimentos linguísticos como instrumentos de manipulação e controlo, explorando o seu medo de deportação e o seu isolamento da família e da comunidade, o que a faz hesitar em pedir ajuda.

Tarefas para reflexão
1. Como é que os estereótipos e preconceitos culturais podem influenciar a percepção e o apoio disponível para mulheres imigrantes, como Amina, que são vítimas de violência doméstica?
2. Que desafios adicionais poderá Amina enfrentar devido ao seu historial de migração em termos de violência doméstica e de procura de ajuda?
3. Como é que a sensibilidade e a consciência cultural pode desempenhar um papel na prestação de apoio a imigrantes vítimas de violência doméstica, respeitando as suas experiências culturais únicas?


4. Perspectiva do outro = colocar-se no lugar da outra pessoa:

  • É importante tentar compreender como é que outra pessoa se sente ou pensa, e devemos imaginar como nos sentiríamos se estivéssemos na sua situação.12

Exemplos:

O que é que vejo? O que é que eu leio ou ouço?

Uma mulher com véu na cabeça entra no escritório.

O que é que eu penso? Como é que classifico?

A mulher é Mulçumana.

O que é que sinto? Que emoções é que são despoletadas em mim? Como é que julgo e decido?

A mulher é confiante / Tenho pena da mulher. / etc.

As encenações/dramatizações são uma boa forma de compreender o impacto dos estereótipos e dos preconceitos inconscientes no contexto da violência doméstica.

Sugestões sobre encenação/dramatização podesm ser encontradas nos materias de formação para workshops.


6. Cinco passos para combater os preconceitos pessoais

É importante reconhecer os preconceitos pessoais no contexto da violência doméstica, porque os estes podem impedir o tratamento justo e o apoio às vítimas. Esta consciencialização faz parte de um esforço mais vasto, que inclui a luta por mais igualdade de oportunidades, a protecção de grupos marginalizados na sociedade e o contra-balançar do impacto negativo das mensagens dos meios de comunicação social. Reconhecer e abordar estes preconceitos é essencial para garantir que todas as vítimas recebem a ajuda e a justiça de que necessitam, independentemente da sua origem. Estes passos fornecem-lhe ferramentas práticas para identificar e desafiar os seus próprios preconceitos.13

1. Aceitar que se tem preconceitos:

  • Por vezes, a nossa forma de pensar pode não ser justa para todas as pessoas.
  • É importante aprender mais sobre estas formas de pensar e sobre a forma como podem afetar as nossas decisões.

2. Identificar situações onde os erros podem ocorrer:

  • Há alturas em que podemos não tomar as melhores decisões por estarmos com pressa ou zangados.
  • É importante pedir a opinião de amigos e colegas sobre a nossa pessoa para compreender as nossas preferências e padrões.

3. Analisar a forma como se vê as coisas:

  • Quando observamos algo, acomete-nos de pensamentos e sentimentos.
  • Podemos perguntar-nos o que vemos, o que pensamos e como nos faz sentir.

4. Compreender a origem dos preconceitos:

  • As nossas experiências e a cultura em que crescemos moldam a forma como vemos e julgamos as coisas.
  • Podemos refletir sobre a origem das nossas ideias e como estas podem diferir das dos outros.

5. Reduzir preconceitos e estar consciente dos mesmos:

  • Se nos apercebermos que temos preconceitos, podermos trabalhar para os mudar.
  • Aprender mais sobre diferentes tópicos pode auxiliar-nos a tirar conclusões mais justas.



Os materiais para a formação para workshop ou para estudo autónomo podem ser consultados aqui.


Fontes

  1. Anti-Bias. Unconscious Bias, Stereotype und Vorurteile (in German). https://www.anti-bias.eu/wissen/definitionen/unconsciousbias-definition/ ↩︎
  2. Anti-Bias. Denkfehler! Wie Unconscious Bias entstehen (in German). https://www.anti-bias.eu/wissen/entstehung-von-bias/denkfehler-wie-unconscious-bias-entstehen/ ↩︎
  3. Anti-Bias. Biases von A-Z (in German). https://www.anti-bias.eu/wissen/biases-von-a-z/ ↩︎
  4. The Center for Relationship Abuse Awareness. Gender Norms and Gender Role Expectations. https://stoprelationshipabuse.org/action/rape-culture/#genderroleexpectations ↩︎
  5. The Center for Relationship Abuse Awareness. Gender Norms and Gender Role Expectations. https://stoprelationshipabuse.org/action/rape-culture/#genderroleexpectations ↩︎
  6. The Center for Relationship Abuse Awareness. Objectification. https://stoprelationshipabuse.org/action/rape-culture/#objectification ↩︎
  7. The Center for Relationship Abuse Awareness. Trans-Misogyny. https://stoprelationshipabuse.org/action/rape-culture/#trans%20misogyny ↩︎
  8. The Center for Relationship Abuse Awareness. Avoiding Victim Blaming. https://stoprelationshipabuse.org/educated/avoiding-victim-blaming/ ↩︎
  9. Anti-Bias. Counterstereotype Imaging – Stereotype wegdenken (in German). https://www.anti-bias.eu/anti-bias-strategien/schritte-gegen-persoenliche-bias/counterstereotype-imaging/ ↩︎
  10. Anti-Bias. Individuation – auf die Einzigartigkeit jedes Menschen fokussieren (in German). https://www.anti-bias.eu/anti-bias-strategien/schritte-gegen-persoenliche-bias/individuation/ ↩︎
  11. Anti-Bias. Kontakttheorie – Kontakt hilft Stereotype und Vorurteile zu reduzieren (in German). https://www.anti-bias.eu/anti-bias-strategien/schritte-gegen-persoenliche-bias/kontakttheorie/ ↩︎
  12. Anti-Bias. Perspektivenübernahme – in die Schuhe des Gegenübers schlüpfen (in German). https://www.anti-bias.eu/anti-bias-strategien/schritte-gegen-persoenliche-bias/perspektivenuebernahme/ ↩︎
  13. Anti-Bias. 5 Schritte gegen persönliche Biases (in German). https://www.anti-bias.eu/anti-bias-strategien/schritte-gegen-persoenliche-bias/5-schritte-gegen-persoenliche-bias/ ↩︎