Literatura
Sondern, L., & Pfleiderer, B. (2020). Why the integration of sex and gender aspects will improve Domestic Violence Risk Assessment. European Law Enforcement Research Bulletin, (20), 155-165. Retrieved from https://www.researchgate.net/publication/347204431_Why_the_integration_of_sex_and_gender_aspects_will_improve_domestic_violence_risk_assessment#fullTextFileContent
https://www.dw.com/en/men-as-victims-of-domestic-violence-i-was-paralyzed/a-55472456
Vídeos
Vídeos de formação
Origem dos preconceitos
Normas de género e expectativas de papéis de género
Tarefa para reflexão
Como são retratados os homens do vídeo sobre a masculinidade dos filmes da Disney? Que consequêbcuas negativas esta representação da masculinidade tem nos rapazes?
Tarefa para reflexão
Como podem as ideias da sociedade sobre a masculinidade contribuir para a aceitação da violência contra as mulheres?
O homem como vítima de violência doméstica
Tarefas para reflexão
1. Quais são as barreiras que os homens enfrentam ao denunciar a violência que são vítimas de violência num relacionamento?
2. Quais são as barreiras que as concepções culturais de masculinidades podem criar para as vítimas masculinas de violência doméstica que procuram ajuda de agências, do sector jurídico e do sector da saúde?
3. Como podem as concepções culturais de masculinidades afectar o comportamento de procura de ajuda em homens vítimas de violência doméstica?
4. Como podem os preconceitos de género dos próprios homens contribuir para a sua visão/reflexão sobre a sua própria experiência com a violência doméstica?
Objectificação da mulher nos media
Exemplo: Robin Thicke – Blurred Lines
Letra
Todo o mundo levante-se
Ei, ei, ei
Ei, ei, ei (Uh)
Ei, ei, ei (Ha-ha!) (Woo!)
Afina-me
Se não conseguem ouvir o que estou a tentar dizer
Se não consegues ler da mesma página
Talvez eu esteja a ficar surdo
Talvez eu esteja a ficar cego
Talvez eu esteja fora de mim, mente
Ok, agora ele estava perto
Tentou domesticar-te
Mas tu és um animal
Querida, está na tua natureza
Deixa-me libertar-te
Não precisas de quem te leve
Esse homem não é o teu criador
E é por isso que eu vou levar uma boa rapariga
Eu sei que o querem
Eu sei que o queres
Eu sei que o queres
És uma boa rapariga
Não posso deixar isso passar por mim
Não és nada de plástico
Falando sobre ser estourada
Eu odeio essas linhas turvas
Eu sei que tu queres
Eu sei que o queres
Eu sei que o queres
Mas tu és uma boa rapariga
A forma como me agarras
Deve querer ser marota
Vá lá, agarra-me (Todo o mundo levante-se)
Para que é que eles fazem sonhos
Quando tens as calças de ganga vestidas? (Porquê?)
Para que é que precisamos de vapor?
És a cabra mais quente deste sítio
Sinto-me tão sortudo
Queres abraçar-me (hug me)?
O que é que rima com “abraça-me” (“hug me”)?
Ei! (Todo o mundo levante-se)
Ok, ele estava perto
Tentou domesticar-te
Mas tu és um animal
Querida, está na tua natureza
Deixa-me libertar-te
Não precisas de quem te leve
Esse homem não é o teu criador
E é por isso que eu vou levar uma boa rapariga (Todo o mundo levante-se)
Eu sei que o queres
Eu sei que o queres
Eu sei que o queres
És uma boa rapariga
Não posso deixar isso passar por mim
Estás longe de ser de plástico
Falando sobre ser estourada (Todo o mundo levante-se)
Eu odeio essas linhas turvas (Odeio essas linhas)
Eu sei que tu queres (Eu odeio essas linhas)
Eu sei que o queres (Odeio essas linhas)
Eu sei que o queres
Mas tu és uma boa rapariga (Boa rapariga)
A maneira como me agarras (Hustle Gang, homie)
Eu sei que tu queres ser desagradável (Deixa ir) (Eu digo Rob)
Não é só isso que eu quero, é que eu quero ser o melhor de todos
Uma coisa vos peço
Deixa-me ser eu a apoiar esse rabo (Vá lá!)
Vou de Malibu a Paris, boo
Tive uma cabra, mas ela não é má como tu
Então, bate-me quando passares
Eu dou-te algo suficientemente grande para te partir o cu em dois
E não é só isso, é também um pouco de sorte
Quero dizer, é quase insuportável (Ei, ei, ei!) (Todo o mundo levanta-se)
Em cem anos não me atreveria
Puxar dos Pharcyde, deixar-te passar por mim
Nada como o teu último homem, ele é demasiado quadrado para ti
Ele não bate nesse rabo e não te puxa o cabelo assim (Tu gostas)
Por isso estou só a ver e a esperar
Para que saudes o verdadeiro grande chulo
Não há muitas mulheres que possam recusar este chulo
Sou um gajo porreiro, mas não se confundam, sejam chulos (Todos de pé)
Abanem o rabo
Abaixa-te, levanta-te
Faz como se doesse, como se doesse
O quê, não gostas de trabalhar?
Ei! (Todo o mundo levante-se)
Querida, consegues respirar?
Trouxe isto da Jamaica
Funciona sempre para mim
Dakota para Decatur
Não há mais fingimento
Porque agora estás a ganhar
Aqui está o nosso começo
Eu sempre quis
Tu és uma boa rapariga (Todo o mundo levante-se)
Eu sei que o queres
Eu sei que queres
Eu sei que o queres
Tu és uma boa rapariga
Não posso deixar isso passar por mim
Não és nada de plástico
Estou a falar de ser rebentado
Eu odeio estas linhas turvas (Todo o mundo levante-se)
Eu sei que tu queres
Eu sei que o queres
Eu sei que o queres
Mas tu és uma boa rapariga
A maneira como me agarras
Deve querer ser desagradável
Vá lá, agarra-me
Todo o mundo levante-se
Todo o mundo levante-se
Tarefa para reflexão
Robin Thicke’s Blurred Lines foi considerado como um “hino à violaçõ”. Qual o motivo pelo qual considera que esta música foi apelidada deste modo? Qual a mensagem que esta música envia?
Representação da LGBTIQ+ nos media
Tarefa para reflexão
Quais as consequências a falta ou a incorrecta representatividade na percepção dos casos de violência doméstica nas relações LGBTIQ+ relationships? Como é que pode a representatividade diversificada dos meios de comunicação pode ajudar a quebrar esteótipos?
Imagem contra-esterioripada
Tarefas para reflexão
1. Qual é a principal mensagem do vídeo?
2. Como e com base em que características divides as pessoas em grupos? Que características lhe atribuis? Que discursos determinam estas “classificações”, de onde vêm os teus preconceitos (círculo de amigos, meios de comunicação social, política)?
3. O que é que estas considerações significam para a diversidade e a inclusão na nossa sociedade?
Individuação
Os três vídeos seguintes mostram como o tema da diversidade é abordado com sucesso em campanhas publicitárias.
Tarefas para reflexão
1. Qual é a principal mensagem destes vídeos? O que é que têm em comum?
2. Como é que se relacionam com a estratégia de individuação/individualização?
3. O que é que estas considerações significam para a diversidade e a inclusão na nossa sociedade?
Outras recomendações de vídeos
- A “Maioria Oprimida” sobre a inversão dos papéis de género: http://www.th-ink.co.uk/2014/02/13/short-french-film-reversing-gender-roles/
- “Submissão” de van Gogh: https://www.youtube.com/watch?v=iq8–myC9nM
- Projeto “Illustrating gender”, vídeos de animação baseados nos contributos dos estudos de género para a construção do género: http://www.dibgen.com/index-en.html
Estudos de casos
Estudo de caso: Vítimas de violência doméstica com comportamentos aditivos (Toxicodependência)
Anna é uma mulher de 28 anos que mantém, há vários anos, uma relação violenta com o seu companheiro, Mark. Para além dos maus-tratos físicos e emocionais, Anna debate-se também com a toxicodependência. É toxicodependente de cocaína e usa-a regularmente como mecanismo de defesa para lidar com as experiências traumáticas da sua relação. A Anna fez várias tentativas infrutíferas para se libertar do Mark e ultrapassar a sua dependência.
Tarefas para reflexão
1. Como é que os estereótipos e preconceitos podem influenciar a compreensão que a sociedade tem das vítimas de violência doméstica com toxicodependência?
2. Que desafios adicionais podem ser enfrentados por mulheres como a Anna devido à combinação de violência doméstica e toxicodependência?
3. Como é que o conceito de individuação/individualização pode ajudar a mudar a perceção e o apoio disponível para as vítimas de violência doméstica com toxicodependência?
Estudo de caso: Idoso vítima de violência doméstica
Robert é um homem de 80 anos que tem vivido com o seu filho adulto, Michael, nos últimos anos. Infelizmente, a situação em que vivem transformou-se numa situação de violência doméstica. O Michael maltrata verbal e fisicamente o Robert, frequentemente repreendendo-o e batendo-lhe. Devido à sua idade avançada e ao seu estado de saúde debilitado, Robert sente-se desamparado e encurralado nesta situação. Não sabe como encontrar ajuda ou escapar à violência devido às suas limitações físicas e à dependência do filho.
Tarefas para reflexão
1. Como é que os estereótipos e preconceitos podem influenciar a perceção que a sociedade tem dos idosos vítimas de violência doméstica?
2. Que desafios adicionais podem ser enfrentados por vítimas como Robert para procurar ajuda e escapar à violência doméstica devido à sua idade avançada?
3. Como é que o conceito de individuação pode ajudar a aumentar a consciencialização e a fornecer apoio personalizado às vítimas idosas de violência doméstica?
Estudo de caso: Homem vítima de violência doméstica
John, homem de 35 anos, mantém uma relação duradoura com a sua companheira, Sarah. Nos últimos meses, a sua relação deteriorou-se significativamente. A Sara tem tido um comportamento cada vez mais agressivo e violento para com o João. Grita com ele, insulta-o verbalmente e agride-o fisicamente, batendo-lhe e dando-lhe pontapés. O João sente-se desamparado e tem demasiada vergonha de contar aos amigos ou à polícia, porque receia que ninguém acredite nele e que não seja levado a sério ou seja visto como fraco.
Tarefas para reflexão
1. Que estereótipos e preconceitos podem ser observados neste estudo de caso? Que preconceitos podem influenciar as percepções do João?
2. Que desafios podem enfrentar os homens vítimas de violência doméstica em termos de estigma e de perceção social?
3. Como é que a teoria do contacto pode ajudar a mudar a perceção dos homens vítimas de violência doméstica e a promover o apoio?
Estudo de caso: Vítima de violência doméstica com incapacidade
Emily é uma mulher de 40 anos, portadora de uma deficiência física, que mantém um casamento de longa duração com o marido, David. Nos últimos anos, a sua relação tornou-se cada vez mais violenta. David maltrata Emily tanto verbal como fisicamente. Insulta-a por causa da sua incapacidade e explora a sua dependência dele para exercer controlo e manipulação. A Emily sente-se presa no seu desamparo, uma vez que a sua incapacidade coloca barreiras adicionais à procura de ajuda e à fuga da relação abusiva.
Tarefas para reflexão
1. Como é que os estereótipos e preconceitos podem influenciar a percepção e o apoio disponível para as vítimas de violência doméstica com incapacidade?
2. Que desafios específicos podem ser enfrentados por mulheres como a Emily em termos de violência doméstica devido à sua incapacidade?
3. Como é que a teoria do contacto pode ajudar a sensibilizar para as necessidades e o apoio disponível para as vítimas de violência doméstica com incapacidade, reconhecendo ao mesmo tempo as suas experiências únicas?
Estudo de caso: Violência doméstica na relação LGBTIQ+
Lisa e Emma são um casal do mesmo sexo, na casa dos 30 anos, que namora há alguns meses. Recentemente, Lisa, que se identifica como lésbica, começou a ter um comportamento abusivo para com Emma, que se identifica como bissexual. Lisa insulta verbalmente e menospreza Emma, utilizando linguagem depreciativa relacionada com a sua bissexualidade. Emma sente-se encurralada e tem medo de falar com alguém sobre o assunto, pois preocupa-se com o potencial estigma e discriminação tanto da comunidade LGBTIQ+ como da sociedade. Ela não quer deixar a Lisa, porque a ama.
Tarefas para reflexão
1. Como é que os estereótipos e preconceitos podem afectar a compreensão e o apoio disponível para as vítimas de violência doméstica na comunidade LGBTIQ+?
2. Que desafios adicionais podem ser enfrentados por vítimas como a Emma em termos de procura de ajuda e de libertação da violência doméstica numa relação entre pessoas do mesmo sexo?
3. Como é que a teoria do contacto pode contribuir para aumentar a sensibilização, promover a inclusão e prestar apoio personalizado às vítimas da comunidade LGBTIQ+ que sofrem violência doméstica?
Estudo de caso: Vítima de violência doméstica na classe alta
Isabela é uma mulher de 35 anos que vive num bairro de luxo. Está casada com o seu marido, Charles, há 10 anos. Charles, um homem de negócios bem sucedido, bate-lhe regularmente e diz-lhe para cobrir as nódoas com a roupa. Isabela tem medo que procurar ajuda possa levar a um escrutínio público e prejudicar a sua reputação e posição social.
Tarefas para reflexão
1. De que forma os estereótipos e preconceitos sobre o contexto socio-económico podem ter impacto na perceção da violência doméstica?
2. Que desafios adicionais podem ser enfrentados por vítimas como a Isabela, em termos de procura de ajuda e de libertação da violência doméstica, devido ao seu estatuto socio-económico?
3. Como é que a compreensão das dinâmicas de poder, incluindo o controlo económico, pode contribuir para melhorar os sistemas de apoio a vítimas como a Isabela em ambientes de classe alta?
Estudo de caso: Imigrante vítima de violência doméstica
Amina é uma mulher de 30 anos que imigrou para um novo país, vinda de uma sociedade conservadora e patriarcal. Enfrenta inúmeros desafios para se adaptar à sua nova vida e cultura. O marido de Amina, Farid, utiliza o seu estatuto de imigrante e os seus limitados conhecimentos linguísticos como instrumentos de manipulação e controlo, explorando o seu medo de deportação e o seu isolamento da família e da comunidade, o que a faz hesitar em pedir ajuda.
Tarefas para reflexão
1. Como é que os estereótipos e preconceitos culturais podem influenciar a percepção e o apoio disponível para mulheres imigrantes, como Amina, que são vítimas de violência doméstica?
2. Que desafios adicionais poderá Amina enfrentar devido ao seu historial de migração em termos de violência doméstica e de procura de ajuda?
3. Como é que a sensibilidade e a consciência cultural pode desempenhar um papel na prestação de apoio a imigrantes vítimas de violência doméstica, respeitando as suas experiências culturais únicas?
Encenações (role-plays)
Encenação (role-play): Adopção de perspectivas na violência doméstica nos serviços de urgência
Para os formadores:
- Cada participante deve assumir o papel que lhe foi atribuído: Júlia (vítima), David (parceiro) e Dr. Anderson (médico).
- Os participantes devem manter-se na personagem e responder com base na perspetiva do papel que lhes foi atribuído.
- A dramatização deve progredir organicamente, com os participantes a envolverem-se em conversas e interacções baseadas no cenário e na cena fornecidos.
O que os participantes devem aprender com esta encenação (role-play):
- Os participantes devem compreender a dinâmica da violência doméstica, consoante o papel e o grupo a que pertencem.
- Os participantes devem praticar a empatia e a o assumir o papel e perspectiva enquanto médicos.
Variantes: Repetir a dramatização com diferentes cenários envolvendo vítimas e/ou agressores. Desta vez, a vítima é o parceiro homossexual de David, Alex, a mulher de David, Elisabeth, que tem uma deficiência física, ou o pai de David, Arthur, que vive com ele.
Papéis:
1. Vítima de violência doméstica: Júlia
2. Parceiro: David
3. Médico: Dr. Anderson
Contexto:
A Júlia tem tido fortes dores abdominais e vai ao serviço de urgência dum hospital. David, o seu companheiro, faz o seu acompanhamento. O médico não tem conhecimento de que Júlia foi esmurrada no estômago por David. A violência doméstica está presente há muitos anos nesta relação.
Cena:
Júlia e David entram no serviço de urgência. O Dr. Anderson, o médico, cumprimenta-os e diz a Júlia para se sentar.
Dr. Anderson: Bom dia, em que posso ajudar-vos?
Júlia: Olá, eu –
David (interrompe): Há alguns dias que a Júlia está a ter dores abdominais fortes. Está a piorar, por isso viemos aqui.
Dr. Anderson: Estou a ver. Vamos tratar do assunto. Júlia, pode dar-me mais informações sobre quando e como começou a dor, como a sente no momento e se tem outros sintomas?
Júlia: A dor está sempre presente e localiza-se na parte inferior do abdómen. Eu –
David (interrompe): Ela sente náuseas e perdeu o apetite.
Dr. Anderson: Obrigado pela informação. Júlia, teve alguma lesão recente ou algum incidente específico que possa ter causado a sua dor?
David: (interrompe): Não, ela não se magoou. Provavelmente é só uma dor de estômago.
Que encaminhamento podia ter esta conversa?
Tarefas para reflexão
1. Qual foi a sensação de representar o papel de Júlia, a vítima de violência doméstica numa discussão acesa? Que emoções é que sentiu?
2. No papel de David, o companheiro, como é que se sentiu ao assumir a perspectiva do agressor nesta situação?
3. Como é que se sentiu ao desempenhar o papel do Dr. Anderson, como profissional de saúde que procura avaliar os sintomas da Júlia? Encontrou alguma dificuldade em equilibrar a empatia e manter os limites profissionais?
4. O que é que aprendeu com esta dramatização sobre a importância de assumir a posição do outro e da empatia para com as vítimas de violência doméstica?
Encenação (role-play): Adopção de perspectivas da violência doméstica na consulta de urgência duma clínica dentária
Para os formadores:
- Cada participante deve assumir o papel que lhe foi atribuído: Jenny (vítima), Mark (parceiro) e Dr. Miller (médico).
- Os participantes devem manter-se na personagem e responder com base na perspetiva do papel que lhes foi atribuído.
- A dramatização deve progredir organicamente, com os participantes a envolverem-se em conversas e interacções baseadas no cenário e na cena fornecidos.
O que os participantes devem aprender com esta encenação (role-play):
- Os participantes devem compreender a dinâmica da violência doméstica, consoante o papel e o grupo a que pertencem.
- Os participantes devem praticar a empatia e a o assumir o papel e perspectiva enquanto médicos-dentistas.
Variantes: Repetir a dramatização com diferentes cenários envolvendo vítimas e/ou agressores. Desta vez, a vítima é o parceiro homossexual de Mark, Peter, a mulher de Mark, Sarah, que é deficiente física, ou o pai idoso de Mark, John, que vive com ele.
Papéis:
1. Vítima de violência doméstica: Jenny
2. Parceiro: Mark
3. Médico-dentista: Dr. Miller
Contexto:
A Jenny sofre de dores fortes no maxilar e vai à consulta de urgência dum consultório dentário. Mark, o seu companheiro, faz o seu acompanhamento. O dentista não sabe que Jenny foi esmurrada na cara por Mark. A violência doméstica está presente há muitos anos nesta relação.
Cena:
Jenny and Mark enter the consultation room. Dr. Miller, the dentist, greets them and instructs Jenny to take a seat. Jenny e Mark entram na sala de consulta. O Dr. Miller, o médico-dentista, cumprimenta-os e convida Jenny a sentar-se.
Dr. Miller: Bom dia, em que posso ajudar-vos?
Jenny: Olá, eu –
Mark (interrompe): A Jenny tem tido dores fortes no maxilar. Está a piorar e por isso viemos aqui.
Dr. Miller: Estou a ver. Vamos tratar do assunto. Jenny, pode dar-me mais informações sobre quando e como começou a dor, como a sente no momento e se tem outros sintomas?
Jenny: A dor está sempre presente e localiza-se na direita do meu rosto. Eu –
Mark (interrompe): Ela não consegue abrir a boca sem dor e a articulação do maxilar estala.
Dr. Miller: Obrigado pela informação. Jenny, teve alguma lesão recente ou algum incidente específico que possa ter causado a sua dor?
Mark (interrompe): Não, ela não se magoou. Provavelmente a Jenny está a ranger os dentes.
Que encaminhamento podia ter esta conversa?
Tarefas para reflexão
1. Qual foi a sensação de representar o papel de Jenny, a vítima de violência doméstica? Que emoções é que sentiu?
2. No papel de Mark, o companheiro, como é que se sentiu ao assumir a perspectiva do agressor nesta situação?
3. Como é que se sentiu ao desempenhar o papel do Dr. Miller, como profissional de saúde que procura avaliar os sintomas da Jenny? Encontrou alguma dificuldade em equilibrar a empatia e manter os limites profissionais?
4. O que é que aprendeu com esta dramatização sobre a importância de assumir a posição do outro e da empatia para com as vítimas de violência doméstica?
Outros materiais de formação
Objectificação da mulher nos media
Exercício
Tem conhecimento de exemplos recentes deste fenómeno nos media? Se a resposta for negativa, faça uma pesquisa de 10 minutos sobre o assunto.
Casos de celebridades
Chris Brown
Em 2009, Chris Brown bateu Rihanna e fotografias onde surgia com o rosto ensaguentado circularam pelos medias. Após a informação se ter tornado pública, a sociedade não se focou nas acções de Chris Brown, mas sim de Rihanna, tendo sido culpabilizado pelo episódio.
Encontra-se aqui o relato do que realmente ocorreu. Este relato foi retirado do depoimento de Chris Brown.
Mesmo após o conhecimento dos factos ter-se tornado público, a culpabilização da vítima manteve-se. Esta culpabilização, foi focada na questão “porque é que ela voltou”, em vez de se centrarem na questão “porque ºe que o Chris Brwown fez isto?”, ou “porque é que a sociedade continua a aceitar a violência doméstica?”
Tarefa para reflexão
Qual a razção que levou Rihanna a permanecer no relacionamento?
Na leitura do relatório identificou alguns factos que sugiram que Rihanna estava numa situação de risco elevado?
Consultar o Módulo 5 para mais informações sobre avaliação de risco.
Harvey Weinstein
O abuso e a agressão às mulheres por parte de Harvey Weinstein levou a um incremento na atenção dada à questão da violência sexual. Esta atenção resultou do facto dele ser um reconhecido produtor cinematográfico em Hollywood, bem como pelo número de vítimas que se manisfestaram contra ele.
No final do ano 2017, mais de 100 mulheres relataram as agressões sofridas cometidas por Weinstein contra elas. De acordo com os relatos Weinstein violou-as, forçou-as a massajá-los, aparecia nu à frente delas e, em troca de favores sexuais, oferecia-lhes avanços na sua carreira. Com esta acção, o produtor foi afastado das companhias e de múltiplas organizações filmatográficas internacionais, tendo sido, posteriormente sido acusado de violação, actos sexuais criminos, abuso sexual e má conduta sexual. Esta acusação resultou numa pena de cadeia. Para a defesa inicial pelas suas acções Weinstein recorreu ao argumento de que as mesmas se justificavam por ter nascido nos anos 60.
As acções de Harvey Weinstein, e a catadupla de reportagens sobre o assunto, reacenderam a campanha internacional nas redes sociais, #MeToo, começada por Tarana Burke. Este movimento foi um apelo à sensibilização contra os crimes em que as pessoas partukhavam as suas histórias de homens que as agrediram ou assediaram sexualmente.
Até ao momento, o movimento #MeToo resultou num mediatismo e num discurso político sem precendentes, mas como efeito negativo, foi a pressão perante as vítimas e foi alvo de reacções adversas.
Tarefa para reflexão
Está familiarizado com o movimento #MeToo? Consegue dar exemplos de movimentos similares? Que consequências, positivas e negativas, considera que o movimento #MeToo teve nas vítimas?
Donald Trump
Donald Trump foi gravado objectificando de forma rude as mulheres e a gabar-se de ter escapado impune de assédio e agressão sexual devido ao seu estatuto de celebridade.
Aviso: Esta caixa de texto contém linguagem ofensiva
Na gravação ele diz. “Eu tentei e f***-a. Ela era casasa…. Eu atirei-me a ela como se fosse uma p***. Mas não consegui chegar lá. E, ela era casada. E, de repente, vi-a, e agora ela tinhas as grandes mamas falsas e tudo. Ela mudou completamente a sua aparência… Yeah, era ela. Com o ouro. É melhor usar alguns Tic Tacs, para o caso de começar a beijá-la. Sabes, eu sou automaticamente atraído para a beleza – Comecei a beijar. É como um íman. Só beijo. Nem sequer espero. E quando és uma estrela, elas deixam. Podes fazer o que quiseres. Agarra-a pela c***. Podes fazer o que quiseres”.
Tarefa para reflexão
Trump rotulou a conversa como gravada, como “conversa de vestiário”. Quais são os perigos desta justificação?
Culpabilização da vítima
Exercício: Culpabilização da vítima em casos de violação
O exercício pretende realçar a frequente culpabilização da vítima que ocorre em casos de violação. Ver também a definição “Preconceito Judicial” em Manifestação de preconceitos. Imagine se os tipos de perguntas normalmente feitas às vítimas de violação fossem feitas a uma vítima de roubo. O texto a seguir pretende ilustrar como tal entrevista ocorreria.
“Mr. Smith, foi assaltado À mão armada na esquina da First com a Main?”
“Sim.”
“Lutou com o assaltante?”
“Não.”
“Porque não?”
“Ele estava armado.”
“Então, tomou a decisão consciente de satisfazer as exigências dele em vez de resistir?”
“Sim.”
“Gritou? Pediu ajuda?”
“Não, eu estava com medo.”
“Percebo. Já tinha sido assaltado?”
“Não.”
“Já alguma vez deu dinheiro?”
“Sim, claro.”
“Fê-lo de livre vontade?”
“Onde é que quer chegar?”
“Bem, coloquemos as coisas desta forma, Sr. Smith. Já deu dinheiro no passado. De facto, tem uma grande reputação de filantropia. Como podemos ter a certeza de que não estava a CONTRIBUIR para que o seu dinheiro lhe fosse retirado à força?”
“Oiça, se eu quisesse –”
“Não interessa. A que horas ocorreu este assalto, Mr. Smith?”
“Por volta das 23.00.”
“Estava na rua às 23h? A fazer o quê?”
“Apenas a passear.”
“Só a passear? Sabe que é perigoso andar na rua a essa hora da noite. Não sabia que podia ter sido assaltado?”
“Não tinha pensado nisso.”
“O que é que estava a usar na altura, Mr. Smith?”
“Vejamos…um fato. Sim, um fato.”
“Um fato CARO?”
“Bem sim. Sabe, sou um advogado de suceso.”
“Por outras palavras, Sr. Smith, andava pelas ruas a altas horas da noite com um fato que praticamente publicitava o facto de poder ser um bom alvo para algum dinheiro fácil, não é verdade? Quer dizer, se não soubéssemos, Sr. Smith, poderíamos até pensar que o senhor estava a pedir que isto acontecesse, não é verdade?”
De “The Legal Bias Against Rape Victims (The Rape of Mr. Smith).” Connie K. Borkenhagen, American Bar Association Journal. April, 1975
Imagem contra-esterioripada
Reflexão sobre a imagem.
- Qual é a sua reacção inicial a esta imagem?
- Há alguns papéis tradicionais de género que lhe vêm à cabeça quando vê esta imagem? Se sim, quais?
- De que forma é que esta imagem desafia ou reforça os papéis tradicionais de género?
- Que suposições podem surgir ao ver um homem a participar numa atividade tradicionalmente associada às mulheres?
Exemplo I: O que é que pensa quando vê uma mulher bombeira ou uma mulher engenheira? É, para si, algo inesperado?
Reflita para além dos números e o que se esconde por detrás deles:
- 35% dos europeus consideram que os homens são mais ambiciosos do que as mulheres.
- 36% – é a percentagem de quanto as mulheres ganham, em média, em comparação com os homens.
- 20% dos licenciados em tecnologias da informação e da comunicação (TIC) são mulheres.
Exemplo II: O que é que pensa quando vê um pai trabalhador a cuidar ou a supervisionar as tarefas de cuidado dos seus filhos? É algo invulgar, ou pouco habitual para si?
Reflita para além dos números e o que se esconde por detrás deles:
- 44% dos europeus pensam que o papel mais importante de uma mulher é cuidar da casa e da família.
- 82% das pessoas que trabalham a tempo parcial por razões de cuidados à família são mulheres.
- 21% dos homens passam mais de 5 horas por dia a cuidar dos filhos, em comparação com 40% das mulheres.
Exemplo III: O que pensa quando vê uma mulher presidente a condecorar uma mulher militar de alta patente? O que é que pensa quando vê uma mulher negra como deputada do Parlamento Europeu? É algo surpreendente para si?
Reflita para além dos números e o que se esconde por detrás deles:
- 69% dos europeus consideram que as mulheres são mais susceptíveis do que os homens de tomar decisões com base nas suas emoções.
- 32% dos deputados dos parlamentos nacionais da UE são mulheres.
- 5% dos deputados eleitos para o Parlamento Europeu (2019-2025) pertencem a minorias raciais ou étnicas.
- 8% dos directores executivos das grandes empresas cotadas na bolsa na UE são mulheres.
Tarefa para reflexão
Consegue pensar no seu próprio exemplo de imagem contra-estereotipada? O que é que pensa quando olham para trás das figuras que ilustram o vosso Exemplo?
Ligações
- 5 anúncios que quebram os estereótipos de género: https://campaignsoftheworld.com/tv/5-ads-of-gender-stereotypes/
- 5 campanhas de marketing que esmagaram os estereótipos de género: https://www.media-street.co.uk/news/5-marketing-ads-that-crushed-gender-stereotypes/
Outros materiais de formação
Avaliação dos conhecimentos: Estereótipos e preconceitos inconscientes
Preconceitos no contexto da violência doméstica e as suas consequências